É muito cedo para falar isso, mas como experiência de três semanas de (des)governo, dá para dizer que a última semana foi icônica para dizer sobre a queda de máscaras e do sentido de família mafiosa à brasileira. Dois fatos centrais operam nessa faixa e tendem a se aprofundar nos próximos meses.
1. Não dá para negar e só não enxerga quem não quer: o escândalo Flávio Bolsonaro/Fabrício Queiroz (ex-assessor do primeiro) está plantado no centro do poder, não apenas por envolver a família do presidente (ele próprio, esposa e seu primogênito, o 01), como pelas especulações sobre a destinação do valor financeiro envolvido. Os dois envolvidos centrais – Flávio e Fabrício – se negam a prestar esclarecimentos ao Ministério Público, que não extrapola em nada sua função legal. Ambos evitam obstinadamente comparecer ao MP do Rio.
Na segunda-feira (14), o procurador geral de Justiça do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem, anunciou que poderia encerrar a investigação sobre as movimentações atípicas identificadas pelo COAF sem precisar ouvir a dupla Flávio/Fabrício. Na quarta-feira, (16), Flávio solicitou ao STF a proteção do foro especial (por ter sido eleito senador em outubro de 2018) e exclusão “das provas” colhidas pelo MP/RJ. O ministro Luiz Fux suspendeu liminarmente a investigação e comunicou sua decisão ao MP/RJ e deixou a decisão final para o ministro Marco Aurélio Melo, relator do processo.
O núcleo duro ficou com os nervos à flor da pele, principalmente a milicada que embarcou no discurso anticorrupção do capitão.
2. Decreto assinado na terça-feira (15) pelo capitão-presidente flexibiliza a posse de quatro armas de fogo por cidadãos a partir de 25 anos. A bancada da bala já anunciou que deseja reduzir a idade para 21 anos e que já prepara projeto para liberar o porte de armas até agosto/2018.
– Militar até para a liderança do governo na Câmara de Deputados: foi escolhido o deputado recém-eleito e novato na Câmara, major Vitor Hugo (PSL-GO).
– O ex-deputado federal Valdir Colatto (MDB-SC), da bancada ruralista, foi escolhido para comandar o Serviço Florestal Brasileiro. Ele é conhecido pela defesa arraigada da liberação da caça profissional de fauna silvestre e pela exploração e terras de cerrado par cultivo de lavoura. Ambas as defesas confrontam normas nacionais e internacionais de preservação do meio ambiente.